“Em oito anos, aumentou 1.616% o consumo de Metilfenidato, princípio ativo dos remédios Ritalina e Concerta, receitados para crianças com hiperatividade ou déficit de atenção. Em 2000, foram vendiadas 71 mil caixas desses medicamentos no Brasil. Em 2008, as vendas atingiram 1,14 milhão. Amplamente difundido, o Metilfenidrato ganhou o apelido de “a droga da obediência”,.. “
Continuo destacando:
"É cada vez mais comum que questões de convivência e de inadequações à vida cotidiana sejam tratadas como problemas médicos...”
“De acordo com a psicóloga Beatriz de Paula Souza, membro do Laboratório Interinstitucional de Estudos e Pesquisas em Psicologia Escolar (Lieppe) do Instituto de Psicologia da USP, as explicações para o fenômeno são variadas: passam pela questão mercadológica, para aumentar vendas da indústria farmacêutica, e chegam na questão do controle social. “Esses diagnósticos, como por exemplo hiperatividade e déficit de atenção, tentam conter a diversidade do ser humano, patologizar todos aqueles que saem do padrão desejado. Se a criança não se ajusta à escola, não se comporta como as autoridades educacionais querem, é um potencial fácil de ser atingido pela medicalização”, revela. Uma das consequências desse fenômeno, segundo Beatriz de Paula Souza, é que as pessoas que estão sendo medicalizadas, são exatamente aquelas que podem apontar necessidades de transformação: “Não se explicam problemas educacionais, não se busca resolver os problemas do sistema, mas coloca-se a culpa nas crianças, diagnosticam-nas como doentes”, explica.. Para a professora de pediatria da Unicamp Maria Aparecida Moysés existe um ideário social que aponta para a uniformização da sociedade. “Nessa padronização quem é diferente incomoda muito. O não aceitar normas sempre incomodou na sociedade”, lembra.”
Esse alerta não necessariamente é novidade, mas acho que sempre vale destacar. Na vida cotidiana, a medicalização se transformou numa prática levando a que os indivíduos troquem dicas de remédios como quem troca receita de culinária.
Juçara Cerqueira (Psicoterapeuta da HUMANITÁ) dez/2011
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